13 Almas

O meu nome e Sara. Quando tinha 13 anos diagnosticaram-me um pequeno tumor benigno no umero. Os medicos nao lhe deram muita importancia, disseram que, como estava em idade de crescimento, com certeza que se reabsorveria por si mesmo. Eu continuei, com certa inconsciencia propria da idade, com a minha vida de adolescente. Terminei o liceu com boas notas, sobrevivi a uma situacao familiar muito dificil, e tive as minhas primeiras experiencias como pessoa adulta. Decidi estudar psicologia porque gosto das pessoas, mas no gosto de as ver sofrer, e pensava poder ajudar os meus semelhantes a sentirem-se melhor consigo mesmos e com aquilo que os rodeia. O tumor estabilizou at que, quando tinha 19 anos, cresceu de forma sbita e rpida.Invadiu toda a zona do mero e tive de ser operada com carter de urgncia. Removeram-me o tumor e fizeram-me um excerto de sseoda anca com osso artificial. Precisei de mais de um ano e meio para recuperar parte da mobilidade. Foi um processo lento e doloroso, sobretudo a nvel emocional, j que implicou ter uma vida de pessoa doente enquanto todos os meus amigos tinham uma vida &quote;normal&quote;. Foi uma experincia que me afetou muito a todos os nveis. Fez-me repensar as minhas prioridadese valorizar os pequenos momentos e as relaes com as pessoas da minha vida. Esta experincia precoce de doena e a presena da possibilidade (ainda que longnqua, de no podermos evitar de pensar nela) de morrer, fez com que aprofundasse na rea da psicologia que trabalha com as pessoas doentes. Queria ouvi-las, partilhar a sua dor fsica e emocional e poder ajud-las em tudo o que me fosse possvel. O meu primeiro trabalho enquanto psicloga foi na rea da sade mental, e, paralelamente, durante aqueles sete anos a trabalhar com os doentes com problemas graves de psiquiatria, formei-me e especializei-me em psicologia dos cuidados paliativos. ,